A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Mondego já verdes. A donosa senhora, entre alguns escudeiros da Honra e parentes, jornadeava de Treixedo ao mosteiro de Lorvão, onde sua tia D. Branca era abbadeça... Languidamente, no Bardo, descantára o tio Duarte o romantico lance:

Junto á fonte mourisca, entre os ulmeiros,
A cavalgadura pára...

E junto aos ulmeiros da fonte surgira o Claro-Sol — que, com os seus, espreitava d’um cabeço! Mas, logo no começo da curta briga, um primo de D. Violante, o agigantado Senhor dos Paços d’Avellim, o desarmou, o manteve um momento ajoelhado sob o lampejo e gume da sua adaga. E com vida perdoada, rugindo de surda raiva, o Bastardo abalou entre os poucos solarengos que o acompanhavam n’esta affouta arremettida. Desde então mais fero ardera o rancor entre os de Bayão e os Ramires. E eis agora, n’esse começo da Guerra das Infantas, os dois inimigos rosto a rosto no valle estreito de Canta-Pedra! Lopo com um bando de trinta lanças e mais de cem besteiros da Hoste Real. Lourenço Mendes Ramires com quinze cavalleiros e noventa homens de pé do seu pendão.

Agosto findava: e o demorado estio amarellecera toda a relva, as pastagens famosas do valle, até a folhagem de amieiros e freixos pela beira do riacho