A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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ao peso das coberturas de malha, as lisas pranchas dos montantes lampejam, retinem, embebidas nas chapas dos broqueis: — e já, dos altos arções de couro vermelho, desaba algum hirto e chapeado senhor, com um baque de ferragens sobre a terra molle. Cavalleiros e infanções, porém, como n’um torneio, apenas terçam lanças para se derribarem, abolados os arnezes, com clamores de excitada ufania: e sobre a villanagem contraria, em quem cevam o furor da matança, se abatem os seus espadões, se despenham as suas achas, esmigalhando os cascos de ferro como bilhas de grêda.

Por entre a pionagem de Bayão e da Hoste Real Lourenço Ramires avança mais levemente que ceifeiro apressado entre herva tenra. A cada arranque do seu rijo murzello, alagado d’espuma, que sacode furiosamente a testeira rostrada — sempre, entre pragas ou gritos por Jesus!um peito verga trespassado, braços se retorcem em agonia. Todo o seu afan era chocar armas com Lopo. Mas o Bastardo, tão arremessado e affrontador em combate, não se arredára n’essa manhã da lomba do outeiro onde uma fila de lanças o guardava, como uma estacada: e com brados, não com golpes, aquentava a lide! No ardor desesperado de romper a viva cerca Lourenço gastava as forças, berrando roucamente pelo Bastardo com os duros ultrajes de churdo!e marrano!Já d’entre