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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

noite, sem socego, n’uma indignação que rolava e crescia, imaginou o Cavalleiro cedendo mollemente a outras exigencias do Ministro — acceitando com servilismo para Villa-Clara a candidatura d’algum imbecil da Arcada, d’algum chulo escrevinhador do Partido!

Pela manhã injuriou o Bento por lhe trazer tão tarde os jornaes e o chá:

— E não ha telegramma, nem carta?

— Não ha nada.

Bem, fôra trahido! Pois nunca, nunca, aquelle infame Cavalleiro transporia a porta dos Cunhaes! De resto, que lhe importava a burlesca Eleição? Mercê de Deus que lhe sobravam outros meios de provar soberbamente o seu valor — e bem superiores a uma ensebada cadeira em S. Bento! Que miseria, na verdade, curvar o seu espirito e o seu nome ao rasteiro serviço do S. Fulgencio, o obeso e horrendo careca! E resolveu logo regressar aos cimos puros da Arte, occupar altivamente todo o dia no nobre e elegante trabalho da sua Novella.

Depois de almoço ainda abancou, com esforço, remexeu nervosamente as tiras de papel. E de repente agarrou o chapéo, abalou para Villa-Clara, para o telegrapho. O Nunes não recebera nada para sua exc. a! — Correu, coberto de suor e pó, á Administração do Concelho. O snr. Aministrador partira