A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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por Lisboa, pelos corredores de S. Carlos, por sob as arvores da Avenida, atravez dos antiquados palacios dos seus parentes em S. Vicente e na Graça, atravez das salas mais modernas de cultos e alegres amigos — parando ás vezes deante de visões que considerava com um riso deleitado e mudo. Alugaria aos mezes, certamente, uma carruagem da Companhia. E para as sessões de S. Bento sempre luvas côr de perola, uma flor no peito. Por commodidade levava o Bento, bem apurado, com casaca nova...

O Bento entrou com a garrafa do cognac n’uma salva. Dera a carta ao Joaquim da Horta com a recommendação de correr logo ás seis horas a casa do Snr. Administrador, de se demorar na Villa por deante da Cadeia até soltarem o Casco.

— E já deitamos o pequeno no quarto verde. Fica perto de mim, que tenho o somno leve, se elle berrar... Mas já dorme regaladamente.

— Está socegado, hein? acudiu Goncalo, sorvendo á pressa o calice de cognac. Vamos vêr esse cavalheiro!

E tomou um castiçal, subiu ao quarto verde com o Bento, sorrindo, abafando os passos pela estreita escada. No corredor, junto da poria, n’um desbotado camapé de damasco verde, a Rosa dobrára carinhosamente a roupa trapalhona do pequeno, o collete esgaçado, as calças enormes, só com um