A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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reveres os velhos poisos e te florires com uma rosa de Corinde.

E logo no corredor, ornado de jarrões da India, de arcas de charão, enlaçando o braço de Gonçalo, do seu recuperado Gonçalo:

— Pois, meu filho, aqui pisamos ambos de novo os nobres soalhos de Corinde, como ha cinco annos... E nada mudou, nem um creado, nem uma cortina! Agora, um d’estes dias, preciso visitar a Torre.

Gonçalo accudiu ingenuamente:

— Oh! a Torre está muito mudada... Muito mudada!

E um embaraçado silencio pesou — como se entre elles surgisse a imagem entristecida da antiga quinta, no tempo dos amores e das esperanças, quando André e Gracinha procuravam as ultimas violetas d’Abril, sob o sorriso tutelar de Miss Rhodes, rente aos humidos muros da Mãe d’Agoa. Ainda em silencio desceram a escada de caracol — por onde ambos outr’ora se despenhavam cavalgando o corrimão. E em baixo, n’uma sala abobadada, rodeada de bancos de madeira com as armas dos Cavalleiros nas espaldas, André quedou deante da porta envidraçada do jardim, ondeou um gesto desconsolado e languido:

— Eu tambem, agora, pouco appareço em Corinde. E, comprehendes bem que não me reteem em Oliveira os cuidados da Administração... Mas este