A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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— A prima Jesuina gosta de flôres. Tu não conheces a prima Jesuina? Uma velha parenta da mamã, que governa agora a casa. Coitada! e com um escrupulo, com um amor... Se não fosse a santa creatura, os porcos fossavam nos canteiros... Meu filho, onde não ha saia, não ha ordem!

Desceram a escadaria redonda, por entre os vasos de louça azul que trasbordavam de geranios, de secias, de canas da India. Gonçalo recordou a vespera de S. João em que rolára por aquelles degraus, n’um trambulhão tremendo, com os braços carregados de foguetes. E lentamente, atravez do jardim, evocavam memorias da camaradagem antiga. Lá se conservava o trapezio, dos tempos em que ambos cultivavam a religião heroica da força, da gymnastica, do banho frio... N’aquelle banco, sob a magnolia, lera uma tarde André o primeiro canto do seu Poema, o Fronteiro d’Arzilla. E o alvo? O alvo onde se exerciam á pistola, para os futuros duellos, inevitaveis na campanha que ambos meditavam contra o velho Syndicato Constitucional?... — Oh! toda essa parte do muro, que pegava com o lavadoiro, fôra derrubada depois da morte da mamã, para alargar a estufa...

— De resto o alvo era inutil! accrescentou o Cavalleiro. Eu logo por esse tempo entrei tambem no