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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Gonçalo airosa e baia de cauda curta á ingleza, a do Cavalleiro pesada e preta, de pescoço arqueado, a cauda farta rojando as lages. Mello Alboim, o Barão das Marges, o Dr. Delegado, pararam n’uma fila pasmada, a que se juntou um dos Villa-Velhas, depois o morgado Pestana, depois o gordo major Ribas com a farda desabotoada, rebolando e galhofando sobre «aquella amigação...» O tabellião Guedes, o Guedes pôpa, derrubou a cadeira no alvoroço com que se ergueu, indignado mas respeitoso, descobrindo a calva n’uma cortesia immensa em que o chapeu branco lhe tremia. E o velho Cerqueira, o advogado, que sahia do retiro encanniçado d’hera e se abotoava, embasbacou, com os oculos na ponta do nariz alçado, os dedos esquecidos nos botões das calças.

No emtanto os dous amigos, gravemente, seguiam pela correnteza de casas que o palacete de D. Arminda Villegas domina, com o pesado brazão dos Villegas na cimalha, as suas dez nobres varandas de ferro opulentadas por cortinas de damasco amarello. Na varanda d’esquina, o Barrôlo e José Mendonça fumavam, sentados em mochos de palhinha. E ao sentir as patas lentas das egoas, ao avistar tão inesperadamente o cunhado — o bom Barrôlo quasi se despenhou da varanda: