A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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offereceram. — «Para o Fidalgo? Pois isso está entendido! Ainda que se votasse contra o Governo, que é pae!» — E em Villa-Clara, com o Gouveia, Gonçalo deduzia d’estas offertas tão acaloradas «a intelligencia politica da gente do campo»:

— Está claro que não é pelos meus lindos olhos! Mas sabem que eu sou homem para fallar, para luctar pelos interesses da terra... O Sanches Lucena não passava d’um Conselheiro muito rico e muito mudo! Esta gente quer deputado que grite, que lide, que imponha... Votam por mim por que sou uma intelligencia.

E o Gouveia volvia, contemplando pensativamente o Fidalgo:

— Homem! quem sabe? Vossê nunca experimentou, Gonçalo Mendes Ramires. Talvez seja realmente pelos seus lindos olhos!

 

 

N’um d’esses passeios, n’uma abrazada sexta-feira, com o sol ainda alto, Gonçalo atravessava o logarejo da Velleda, no caminho de Canta-Pedra. Ao fim dos casebres que se apertam á orla da estrada alveja, muito caiada, n’um terreiro defronte da Egreja, a taverna famosa "do Pintainho", onde os caramanchões do quintal e a nomeada do coelho guizado attrahem vasto povo nos dias da feira da