440
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

aquella carta que, dias antes, o lançaria em infinita amargura e furia:

— É das Louzadas... E tu déste importancia a semelhante babuseira?

O Barrôlo repontou, com as bochechas abrazadas:

— Se te parece! Sempre embirrei com bilhetinhos anonymos... E depois essa insolencia a respeito dos amigos me chamarem Bacôco... Grande infamia, hein? Tu acreditas?... Eu não acredito! mas lança sizania entre mim e os rapazes... Nem voltei ao Club... Bacôco! Porquê? Por que eu sou simples, sempre franco, disposto a arranchar... Não! se os rapazes no Club me chamam bacôco pelas costas, caramba, mostram ingratidão! Mas eu não acredito! Rebolou pelo quarto, desconsoladamente, as mãos cruzadas sobre as gordas nadegas. Depois, estacando deante do divan, d’onde Gonçalo o considerava, com piedade:

— Em quanto ao resto da carta é tão estupido, tão atrapalhado que ao principio nem comprehendi. Agora percebo... Querem dizer que a Gracinha e o Cavalleiro teem namoro... É o que me parece que querem dizer! Ora vê tu que disparate! Até a intimidade do Cavalleiro é mentira. O pobre rapaz, desde que lá jantou, só appareceu tres ou quatro vezes, á