A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Gonçalo, apesar das insistencias de Gracinha e do Barrôlo, não os acompanhou para Oliveira — no desejo de acabar, durante essa semana, o derradeiro Capitulo da Novella, e depois cerrar o preguiçoso giro de visitas aos influentes Eleitoraes do Circulo. Assim rematava a Obra d’Arte e a obra de Politica, — e cumpria, Deus louvado, a tarefa d’esse verão fecundo!

Logo n’essa noite retomou o manuscripto da Novella — e na margem larga lançou a data, uma nota: — « Hoje, na freguesia da Grainha, tive uma briga terrivel com dous homens que me assaltaram a pau e tiro, e que castiguei severamente...» Depois, com facilidade atacou o lance de tanto sabor medieval, em que Tructesindo Ramires, correndo no rasto do Bastardo, penetrava, ao espalhado e fumarento clarão dos archotes, no arraial de D. Pedro de Castro.

Com grave amisade acolhia o velho homem de guerra aquelle seu primo de Portugal, que lhe trouxera a sua forte mesnada, de Santa Ireneia, quando os Castros combateram um grande poder de Mouros em Enxarez de Sandornin. Depois, na vasta tenda, reluzente d’armas, tapizada de pelles de leão e d’urso, Tructesindo contava, ainda a arfar de dôr represa, a morte de seu filho Lourenço, ferido na lide de Canta-Pedra, acabado á punhalada pelo Bastardo de