A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Córando, Videirinha balbuciou que «arranjára uma coisita, tambem n’um fado, para a volta do Snr. Doutor.» Gracinha prometteu decorar, para cantar ao piano.

— Muito agradecido a V. Ex. a... Creado de V. Ex. a...

— Então até Domingo, primo Antonio... Está uma tarde linda.

— Até Domingo, em Craquêde, prima.

Mas á porta envidraçada, João Gouveia parou mais teso, bateu na testa:

— Já me esquecia, desculpe V. Ex. a! Recebi uma carta do André Cavalleiro, da Figueira da Foz. Manda muitas saudades ao Barrôlo. E quer saber se o Barrôlo lhe poderia ceder d’aquelle vinho verde de Vidainhos. É tambem para um africanista, para o conde de S. Romão... Parece que a Snr. acondessa se péla por vinho verde!

E os tres amigos, em fila, atravessaram a sala de jantar, onde o vozeirão do Titó ainda ribombou, louvando a esteira nova de côres. No corredor, Videirinha espreitou para a Livraria, notou o molho de penas de pato espetado no velho tinteiro de latão, que esperava, rebrilhando solitariamente sobre a mesa nua sem papeis nem livros. Depois a Rosa appareceu á porta do quarto de Gonçalo, ajoujada de roupa, com um riso em cada ruga da sua face