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—­Anda tu mesmo sabêl-o.

—­Eu vou dizer á mamã—­disse Marianna, saindo aos saltos.

—­Eu vou chamar Christe—­disse Eduardo, imitando-a.

E sairam ambos, pregoando a chegada do primo.

O pequeño que Magdalena deitára, pedia, chorando, para se tornar a levantar, requerimento que, a rogos de Angelo, foi deferido.

—­Dize-me—­continuava no entretanto este para a irmã—­tens-te enfastiado muito, aquí só?

—­Não, tenho-me divertido até.

—­Devéras? E que fazes? Em que passas o tempo?

—­Eu sei? O tempo é que passa, sem eu dar por isso. Leio pouco, passeio muito; trabalho maïs.

—­Que tens lido?

—­Quasi sempre relido.

—­O quê?

—­Nem eu sei já. O primeiro livro em que pouso a mão, quando os vejo sobre a mesa.

—­O Augusto tem vindo ensinar os pequenos?

—­Todos os dias.

—­E o tío Vicente? Que me dizes d’elle?

—­Vae bom. Caiu no outro dia á levada da raíz do monte; valeu-lhe oAugusto para o salvar.

—­Sim? Pobre homem! Olha n’aquella idade! E a tia Dorothéa?

—­Tem de hospede um sobrinho de Lisboa, um Henrique de Souzellas; conheces?

—­Eu não.

—­É provavel que por ahi venha. A tia Victoria insiste em que lhe chamemos primo. Aviso-te d’isso.

—­Sim? E a tia? Ralha ainda muito com os criados?

—­Coitada! Achei graça, ha dias, á Joanna, que com muita ingenuidade se me veio queixar de que ella até o anjo da guarda lhe occupava em serviço proprio. Tu sabes que a tia, quando está com muito