— Meu pae! meu pae! se é ainda possivel atalhar-se!
— É impossivel.
— Meu tio! — secundou Christina.
— Mano! Primo! — disseram a um tempo as senhoras mais idosas.
— O que posso fazer é ir eu proprio falar com o Vicente, para o mover a consentir na expropriação amigavel, que farei que lhe seja o mais vantajosa possivel.
— E tem coração para lhe ir propôr isso?
— Dize antes se tenho coragem para arrostar com as iras do velho, e com as maldições que já sei vae sacudir sobre mim.
Lena calou-se, suspirando.
— Mas vejam a inevitavel fatalidade que me persegue! — continuou o conselheiro. — Eu, que tinha feito voto de não me entreter de negocios publicos esta noite! Ai, Lena, Lena, a culpada és tu!
— Eu?! Eu, que abomino a politica! que só ella podia fazer entrar uma crueldade no coração de meu pae!
— Ó tio, veja se faz com que a estrada vá por outro sitio! — implorou meigamente Christina.
— Tambem tu, Christe! tambem tu!
— Pudera, mano! Não, que uma coisa assim! Isso é até uma ingratidão para com um homem a quem esta aldeia tanto deve — disse D. Victoria.
— Pois não é! E logo um quintal onde cresciam tantas plantas de virtudes! — accrescentou D. Dorothéa.
— Vá vendo, sr. Henrique, como se conspiram todos contra mim. Veja como um sentimento insignificante organisa uma opposição.
— É uma lição que estou recebendo, sr. conselheiro.
— Meu pae, — insistiu Magdalena — eu espero ainda que, ouvindo o tio Vicente, se commoverá e trabalhará por alterar esse fatal plano que principia