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que de ti e dos teus, da gente que dá e vende graças, honras e empregos, só quer um favor... mais uma justiça: lembra-te d’isso.

— Falas do despacho effectivo para professor? É uma coisa facilima; mais que elle queira... E antes elle quizesse mais; esse rapaz perde por modesto. Acredita, ás vezes é mais facil servir os ambiciosos. Nem eu sei o que tem empatado esse negocio. É certo que ha um competidor, por quem alguem trabalha; mas não importa; conta com isso, como negocio concluido.

— Emquanto não vir...

— Hoje mesmo escrevo para Lisboa. É só isso que pedes? Vê lá.

— E que me deixes agora só.

— E não me ficas querendo mal, Vicente?

— Não. Estou a acreditar que tiveste razão, ou pelo menos que suppões que a tens. Basta-me isso para te perdoar.

— Vêr-te-hei no Mosteiro antes de partir? Depois do dia de Reis volto a Lisboa, e só tornarei para a campanha eleitoral.

— Não prometto.

— Adeus.

O conselheiro estendeu a mão ao herbanario, que não retirou a sua, e partiu.

— Está feito! — ia pensando o conselheiro á saída — não foi tão difficil como julgava. Está razoavel o homem. Quem o viu e quem o vê! O que faz a idade! Bem! Agora é apressar os trabalhos para antes das eleições, a vêr se acalmam algum fermentosito de opposicão, que por ahi possa haver, que pequeno será.

N’estas cogitações chegou á igreja. Magdalena esperava-o no adro.

— Então? — perguntou ella, com anciedade.

— Tudo está remediado; entendemo-nos perfeitamente — respondeu o conselheiro, com manifesta satisfação.