— Este seu criado.
O conselheiro teve vontade de o esganar; conteve-se, porém, dizendo:
— Tanto melhor; quero-me antes com proprietarios illustrados e independentes, que comprehendam a importancia dos melhoramentos publicos, do que...
— Isso historias, meu caro amigo; em primeiro logar estão os melhoramentos particulares. Eh, eh, eh.
— De certo que não ha de querer pôr estorvos a uma empreza como esta.
— Estorvos, não, mas emfim... Amigos, amigos, negocios á parte.
O conselheiro sorriu, emquanto que interiormente mandava ao diabo o espirito mercantil e interesseiro do seu antigo condiscipulo.
— Pode-me dar duas palavras, sr. conselheiro? — requereu do lado o sr. Joãozinho das Perdizes.
— Mil que pretenda — acudiu o conselheiro; e tomando o braço do morgado afastou-se do grupo.
— Eu tenho a pedir-lhe um favor — principiou o morgado. — Eu, como sabe, interesso-me muito pelo mestre-escola do Chão do Pereiro, que quer vir ensinar para aqui. Este negocio está empatado, como sabe; por isso queria que o senhor escrevesse para Lisboa a este respeito.
— Pois sim, mas... — fez-lhe notar o conselheiro — não sabe que é Augusto o outro concorrente?
— Então que tem isso?
— Não lhe parece que seria uma injustiça? Um rapaz de merecimento, como elle é, aqui da terra, que já exerce o emprego ha tres annos e com tanta intelligencia? e haviamos de...
— É verdade, — atalhou o outro — pois isso é verdade, mas... Emfim, elle que passe para outra parte.
— Mas se o rapaz quer isto?
— Quer! quer!... tambem o outro quer. Ora essa é fresca. E vamos, sr. conselheiro, a gente tambem