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disse-lhe que... fizesse lá o que quizesse... Pois, senhores, não teve o petulante o atrevimento de escrever ao ministro, com quem, apesar de se dizer da opposição, mantem aturada correspondencia; não teve a audacia de lhe dizer que eu andava sonhando com viscondados, e que a minha mania era attendivel, pois promettia ser uma fonte de melhoramentos locaes muito baratos ao Estado, visto que com tão pouco me contentava, e outras coisas n’este gôsto? O petulante!...

Augusto, apesar dos pensamentos pouco alegres que o preoccupavam, luctava para se conservar sério perante aquella indignação do sr. Seabra.

— Mas tem a certeza d’isso? — perguntou elle. — Ás vezes são calumnias...

— Eu vi a carta do ministro em resposta a esta; do ministro não, mas do secretario, que é o mesmo... Um acaso fez com que ella me chegasse á mão... O ministro fazia-me o favor de me conceder o titulo; mas era de parecer que, por cautela, se tirasse antes de mim tudo quanto eu pudésse dar, porque... porque... por umas tolices de que eu me lembrei a tempo... Ora ahi tem como elles são!... Que venham para cá com os seus melhoramentos... Eu lh’as cantarei; prometto-lhes que se hão de arrepender.

— Mas... talvez haja equivoco.

— Equivoco? Ora essa! Pois eu não li a carta? Ella ha de apparecer em publico; oh! se ha de! Isto é, não a parte que me diz respeito, porque... porque emfim são negocios particulares, que não interessam a terceiros; mas umas ultimas linhas d’ella, umas promessas do ministro, que põem a calva á mostra a este Catão, que nos anda aqui a prégar liberdade e independencia! Isso ha de apparecer, e ha de ser lido com muita vontade.

— Acaso tenciona?...

— Se tenciono?! Pudéra não! Eu lhe afianço que o homem ha de saber com quem se metteu. Deixe