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a um homem que tinha dinheiro e crédito em tantos bancos! A ordem do mundo estava perturbada!

—­Ora está!—­disse elle no fim.—­Então o senhor ordena-me?...

—­Que saia!—­respondeu Augusto, indicando-lhe a porta.

O brazileiro estava pasmado. Olhou para Augusto como se duvidasse do que ouvia; deu dois passos para a porta e tornou a olhar, seguiu outra vez, e, no limiar, parou para dizer:

—­Veja lá o que faz! Eu só lhe digo que me não convem dar a minhas filhas um mestre de soberbas.

—­Decerto que lhe não poderá convir a educação que eu désse a suas filhas; é natural não querer educar consciencias que sejam juizes da sua corrupção. Deixe-as ignorantes, para não ser castigado pelo desprezo d’ellas.

—­Quer então dizer...

—­Que lhe desejo muito boas noites, sr. Seabra.

O brazileiro saiu, bufando.

Augusto, que ficára só, sentiu-se apertar nos braços de alguem que entrou, sem elle sentir.

Era o herbanario.

—­É assim, é assim que te vingas de todos, rapaz! Esmaga-m’os com a tua nobreza!

Augusto sorriu-se tristemente.

—­O peor é, meu amigo—­disse elle—­que é a segunda subtracção que hoje se opéra no meu orçamento, e... a nobreza não nutre!

—­Mas consola!—­replicou o velho.