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tas palavras: «Os leitores hão de ter notado o meu silencio, depois das calumniosas asserções...» Os leitores não tinham notado nada.

Finalmente a aldeia achava-se em plena fermentação politica.

Eu tenho a fraqueza de a não amar debaixo d’aquelle aspecto.

A vida politica tem isso comsigo. Quanto maïs estreito e maïs apertado é o circulo social onde se manifesta, quanto maïs vizinhos e conhecidos são os que vivem d’ella, tanto maïs acanhada, mexeriqueira e antipathica se torna. Se a politica do nosso paiz é já pequena, como elle, e degenera em desavença de senhoras vizinhas, que fará das terras pequenas d’este paiz, em que muito acima dos principios e dos partidos estão os mexericos e as vaidadesinhas que brotam como tortulhos á sombra das arvores do campanario?!

Que desconsoladora distancia da realidade ao ideal da vida dos povos!

Henrique de Souzellas não ficára indifférente ao movimento politico da aldeia. Pegára-se-lhe a febre eleitoral. Impedido de votar, auxiliava, porém, os parciaes do conselheiro com os avisos da sua experiencia. Um dia lembrou um meeting. O conselheiro poz-se a rir.

—­Que utopia! Com que especie de eleitores imagina que está tratando? Um meeting, para quê? Não se esqueça de ir domingo á igreja e lá se desenganará por os seus olhos. O espectáculo não é muito para alegrar, porque mostra como em geral o nosso paiz está ainda pouco educado no regimen constitucional. Mas em todo o caso é instructivo.

Os manejos dos amigos do conselheiro e principalmente do infatigavel Tapadas, conseguiram ainda resultados importantes em relação ao tempo em que principiaram a operar com maïs energia. Algumas freguezias havia com que já se podia contar.

A eleição, porém, estava muito arriscada ainda.