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Angelo, a cuja prompta intelligencia não tinha ficado latente o verdadeiro sentido d’este dialogo, graças tambem ao conhecimento que elle tinha, havia muito, do coração de sua irmã e do de Augusto, respondeu por elle:

—­Não te enganaste, não, Lena. Tambem eu já digo que Augusto não partirá.

E Augusto sem protestar!

Magdalena tornou-se de subito maïs séria e grave do que até alli, e a mesma gravidade tinha na voz, quando de novo se dirigiu ao irmão, dizendo:

—­Para vir aquí, pedi o auxilio do teu braço de creanca, Angelo, como se fôra o de um homem. Deixa-me considerar-te por maïs algum tempo ainda da mesma maneira, emquanto não termino a minha missão. Ha pouco, depois que me leste a carta, que a ti tinha sido dirigida, perguntaste-me: «Que tencionas fazer?» Não é assim?

—­Foi, e tu respondeste-me o que eu esperava. Pediste-me que te acompanhasse aquí.

—­Has de já ter percebido que o pensamento que me obrigou a este passo, que não sei se me deverão censurar, creio até que devem, que esse pensamento não está cumprido ainda.

—­Vejo que não.

—­Pois é deante de ti, Angelo, que considero como um homem, como um bom conselheiro, é deante de ti, como seria deante de quem quer que ahi estivesse em teu logar a ouvir-me, que eu vou concluir o meu pensamento.

E voltando-se para Augusto, Magdalena accrescentou com firmeza, que só um demasiado rubor trahiria, se a luz fôsse bastante para o denunciar:

—­Augusto, está pobre, sem familia, sem amigos, e, para ultima provação, até as traições e as suspeitas lhe não pouparam o nome honrado que herdou. Essa posição dá-lhe direitos que eu sei comprehender, creia. É uma especie de nobreza, de que se não pode exigir humilhação alguma. Por isso, sem