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hesitar, com toda a lealdade, vim aquí em companhia de Angelo para estender-lhe a mão e dizer-lhe que se, como tenho razão para crer, as sympathias de uma alma que ha muito o comprehende, Augusto, se essas sympathias podem bastar ás aspirações da sua, se, para ganhar coragem, os meus affectos lhe podem servir, conte com o auxilio da minha alma... e dos meus affectos. É deante de ti, que faço está confissão, Angelo. Terás que me ralhar por causa d’ella?

Ao ouvir aquellas palavras, Augusto esqueceu toda a hesitação, e tomando entre as suas a mão que Magdalena lhe estendia, cobriu-a de beijos apaixonados.

Magdalena não teve pressa de retiral-a.

Angelo veio tambem beijar as faces da irmã. Era assim que respondia á pergunta d’ella.

Pobres creanças! Porque a final eram creanças todos très, creanças a quem ainda os romances namoram, sem que se lembrem de que, ao transplantal-os para a vida real, todos os desconhecem e censuram, e só regando-os de lágrimas é que as maïs das vezes se consegue nutril-os.

O olhar de Augusto radiava já com o vivo fulgor da alegría.

—­Obrigado, Magdalena, deu-me a vida com essas palavras generosas. Deixe-me adoral-a, anjo, anjo libertador! Comprehendo os deveres que tenho a cumprir. Hei de ter fôrça para conquistar as provas da minha innocencia. Preciso agora d’ellas; hei de obtel-as, e depois...

Aquí reteve-se de subito, e uma nuvem de tristeza toldou-lhe de novo o rosto.

Magdalena, como se o comprehendesse, concluiu:

—­E depois sou eu quem tem o direito de exigir que não pare. Bem vê que, depois do passo que dei, se algum escrúpulo où orgulho pesasse no seu coração, Augusto, seria uma dolorosa offensa que me fazia. Acceitou a mão, que eu com lealdade lhe