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quanto antes se apresentar em Lisboa. Estou encarregado de organisar ministerio e quero que elle acceite uma das pastas.»

Assignava-a um dos maïs notaveis vultos politicos do paiz.

Henrique, que sabia o valor de certas opportunidades, e a quem a surpresa da noticia não fez esquecer a crise domestica a que assistira, disse, logo que acabou de ler, e dirigindo-se a Magdalena:

—­Prima Magdalena, compete-lhe ser a primeira a dar ao novo ministro os emboras pela sua nomeação.

A palavra «ministro» produziu sensação na sala. D. Victoria exclamou:

—­Ministro! Pois quem é que está ministro? O mano?... Ora, sim senhor! acertou sua magestade!...

—­Mas... valha-nos Deus! O ponto está que não façam por ahi alguma revolução para o deitar abaixo—­acudiu D. Dorothéa, em cujo animo os factos das nossas dissenções civis tinham deixado sinistras ideias ligadas á palavra ministro.

Magdalena, Angelo e Christina correram a abraçar o conselheiro; Henrique reteve, porém, os dois ultimos dizendo:

—­Primeiro Lena. Talvez tenha a pedir alguma mercê a s. ex.^a, e á primeira não ha caracter de ministro que não ceda.

O conselheiro sorriu já.

Magdalena beijou-lhe a mão, e o pranto, provocado pela violencia das scenas anteriores, e até alli a custo reprimido, rebentou agora abundante, banhando as mãos do pae.

Henrique afastou-se a conversar com Augusto, para o não deixar sair da sala.

O coração do conselheiro não era de pedra. Duas causas poderosissimas conspiravam-se para abrandal-o. Como homem politico, havia a satisfação da maxima ambição de todos, a noticia de ser cha-