― Do que me esqueci, e, a falar a verdade, não devia, foi de que de Angelo é effectivamente mais do que mestre, é amigo; assim como de todos nós. Este senhor ― continuou ella, concluindo a apresentação ― é o senhor Henrique de Souzellas, que se esperava em Alvapenha; é ainda nosso primo.

Os dois cortejaram-se com affavel delicadeza.

― Teve carta de Angelo? ― perguntou em seguida a morgadinha.

― Não recebi ainda o correio de hoje.

― Nem nós; e é de estranhar que meu pae pelo menos não me escrevesse! Angelo não virá passar a festa comnosco? Pobre rapaz! Parece que renasce quando se vê aqui. É uma perfeita creança então.

Eduardo, outro primo de Magdalena, que Henrique ainda não vira, entrou n’este momento na sala, trazendo um masso de cartas na mão. Depois de cumprimentar Henrique, a quem Magdalena o apresentou, disse para Augusto:

― A mamã deu-me essas cartas para o sr. Augusto escolher d’ahi aquellas que eu pudesse ler.

― Eu verei devagar ― disse Augusto, guardando-as n’uma pasta que trazia.

― Ah! já temos o Eduardo a ler cartas! ― disse a morgadinha, afagando o primo.

― Pelo que vejo ― disse Henrique de Souzellas, vendo Augusto em disposições de partir ― tem uma vida muito occupada?

― E tanto que sou obrigado a pedir licença para me retirar. Tenho de ir esta tarde a casa do Seabra...

― Ai, lecciona ainda as pequenas do brazileiro? ― perguntou Magdalena.

― Ainda, sim, minha senhora.

― E como vão essas mulatinhas?

Augusto encolheu os hombros, sorrindo; gesto que não devia lisonjear a vaidade do sobredicto brazileiro, se tomasse a peito os dotes intellectuaes das referidas mulatinhas.