Página:A voz do sino (Vicente de Carvalho, 1916).pdf/20

 18


Ante meus olhos perpassa
Uma vizão: imajino
Maria, cheia de graça,
Jezus, louro e pequenino.

Uma tarde cor de roza.
Uma vila assim modesta,
Assim tristonha como esta...
De pescadores, tambem...
Sobre a planicie arenoza
Por onde o Jordão deriva
Pouza a sombra evocativa
Das montanhas de Sichem...

Á porta de humilde choça,
Uma mulher... Quem é ela?
É pobre... é joven... é bela...
E é Mãi: comovida, a espaços
O seu sorrizo se adoça
O seu olhar se ilumina
Para a figura divina
Do filho que tem nos braços.

Mostra-lhe, á noute que estréla
O ceu e que a terra ensombra,
Como a terra é toda sombra,
Como o ceu é todo luz...
E o filho, enlevado nela,
Em extaze balbucia.
A primeira Ave, Maria
Quem a rezou foi Jezus.