«— Perdoai, — disse, — se o paterno affecto
Me atou a lingua. Vacillar é justo
Quando á pobre ruina a flor lhe pedem
Que única lhe nasceu, — única adorna
A aridez melancholica do extremo,
Pallido sol... Não protesteis! Roubal-a,
Arrançal-a aos meus últimos instantes,
Não o fareis de certo. Pouco importa
Dês que a metade lhe levaes da vida,
Dês que seu coração, comvosco parte
AiTeições.minhas. — Ao demais, o sangue
Que lhe corre nas veias, condemnado,
Nuno, sera dos vossos...» Longo e frio
Olhar estas palavras acompanha,
Como a arrancar-lhe o pensamento interno.
A donzella estremece. Nuno o alento
Recobra e falia: — «Puro sangue é elle,
Se lhe corre nas veias. Tão mimosa,
Cândida creatura, alma tão casta,
Inda nascida entre os incréos da Arabia,
Deus a votara á conversão e á vida
Dos eleitos do ceu Aguas sagradas
Que a lavaram no berço, ja nas veias
O sangue velho e impuro lhe trocaram
Pelo sangue de Christo...»