E das limpidas lagrymas que chora
A noite amiga, ella recolhe alguma;
A vida bebe na ligeira bruma,
Até que rompe no horisonte a aurora.

Então, á luz nascente, a flor modesta,
Qnando tudo o que vive alma recobra,
Languidamente as suas folhas dobra,
E busca o somno quando tudo é festa.

Suave imagem da alma que suspira
E odeia a turba vã! da alma que sente.
Agitar-se-lhe a aza impaciente
E a novos mundos transporlar-se aspira!

Tambem ella ama as horas silenciosas,
E quando a vida as lutas interrompe,
Ella da carne os duros elos rompe,
E entrega o seio ás illusões viçosas.

É tudo seu, — tempo, fortuna, espaço,
E o ceu azul e os seus milhões de estrêllas;
Abrazada de amor, palpita ao vel-as,
E a todas cinge no ideial abraço.