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— Viva! Viva vóvó! berraram do alto do paquiderme os meninos. Tóca, Emilia! Puxa, visconde!

Emilia tocou o rinoceronte com o seu chicotinho e o visconde o puxou quatro vezes até á porteira, ida e volta. Se houvesse por ali um aparelho de cinema podia ser tirada a melhor fita do mundo...

Nesse ponto da brincadeira, porém, aconteceu uma atrapalhação. Dois homens a cavalo surgiram na estrada. Mais que depressa dona Benta pulou fóra do carrinho e correu para a varanda.

Os homens pararam na porteira e pediram licença para entrar. Entraram. Apearam-se. Dirigiram-se para a varanda.

— Desejamos falar com a dona da casa, disseram.

Dona Benta adeantou-se.

— Sou eu a dona da casa. Que é que Vossas Senhorias desejam?

Um dos homens era alemão. O outro, brasileiro. Foi este quem falou.

— Minha senhora, disse ele, quero apresentar a Vossa Excelencia o senhor Fritz Muller, proprietario do circo de cavalinhos que está no Rio de Janeiro. O senhor Muller é dono dum rinoceronte que de lá fugiu faz uns meses. Depois de longas pesquisas descobriu que o animal estava escondido aqui e veiu comigo reclama-lo. Sou o seu advogado.

O rinoceronte reconheceu o senhor Muller e pendurou o focinho, muito triste, já sem vontade de brincar.

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