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— A coisa não vái assim, meu caro senhor. Não basta ir dizendo que o rinoceronte é seu. Tem que provar que é seu, sabe?

O alemão ficou espantadissimo daquele prodigio: uma bonequinha falando, e falando daquele geito, com tal arrogancia.

— Quem é esta... senhórra? perguntou ele a dona Benta.

— Pois é a Emilia, marquesa de Rabicó, nunca ouvir falar dela? Foi quem descobriu o rinoceronte no capoeirão dos taquarussús. Depois o vendeu a Pedrinho. Depois o amansou e agora passa o dia a brincar com ele.

O alemão estava cada vez mais assombrado. Apesar de ser homem vivido, e de ter andado o mundo inteiro com o seu circo, jamais observara fenomeno igual: uma bonequinha tão pernostica. Quís continuar a falar e não poude. Estava engasgado. Quem falou dali por deante foi o seu advogado.

— Sim, sim, minha senhorinha, disse este, o rinoceronte pertence aqui ao meu amigo Muller, que o vem reclamar. Vejo que tanto a senhorinha como os outros meninos já estão acostumados com o

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