do Diabo! contestou Emilia. Quero prova de verdade. Alguma marca, algum sinal de nascença...
— A marca é aquele chifre unico que ele tem na testa, disse o advogado piscando o olho, como se Emilia não soubesse que todos os rinocerontes daquela especie possuem sempre um chifre só.
Emilia não respondeu. Achou um grande desaforo querer aquele idiota faze-la de boba. Em vez de responder disse apenas:
— Espere aí.
O advogado esperou, com um sorriso nos labios, certo de que a havia vencido na argumentação. Enquanto esperava, ia trocando olhares velhacos com o senhor Muller.
Emilia foi mexer nos guardados de Pedrinho e trouxe uma pitada de pó de pirlimpimpim num pires.
— Vamos resolver esta questão dum outro modo, disse ela ao voltar. Tenho aqui este tabaco, que vou dividir em duas porções. O senhor toma uma pitada e ali o “cara-melada”...
— Emilia!... repreendeu de novo dona Benta.
— ... toma outra. Se não espirrarem, é que o rinoceronte é o mesmo que andam procurando.
O advogado e o alemão acharam muita graça naquilo e, sem desconfiança de coisa nenhuma, tomaram a pitada de pirlimpimpim, certos de que não espirrariam. Era dóse pequena demais para fazer espirrar dois homões como eles, acostumados ao fumo forte. Tomaram a pitada, sorridentes, e... fiunnn! — ninguem nunca soube onde foram parar! Sumiram-se...