ro do terreno foi contando a dona Benta a historia do rinoceronte que aparecera no sitio.
— Um rino... repetiu a velha sem poder concluir a palavra.
— ... ceronte, vóvó, um rinoceronte real, de chifre unico na testa e aquela couraça impenetravel no corpo. Está lá perto da Figueira Brava.
Dona Benta olhou para tia Nastacia com ar de quem pede misericordia.
— Um rinoceronte! gemeu a boa senhora com voz moribunda. Era só o que nos faltava, santo Deus! Que irá ser de nós?...
A negra, que nada sabia a respeito de rinocerontes, ofereceu-se para ir espantar aquele com o cabo da vassoura. Mas quando Narizinho lhe mostrou, na Historia Natural, o retrato dum desses paquidermes e lhe explicou que tamanho tinham e que terrivel era o chifre unico que possuem no meio da testa, a pobre criatura pôs-se a tremer da cabeça aos pés.
— E agora, sinhá? E agora, sinhá? murmurava no meio dos Crédos e figa-rabudos e pelo-sinais que não cessava de murmurar e desenhar na cara e no peito.
— Agora? respondeu dona Benta depois de refletir uns instantes. Agora temos que avisar a policia do Rio para que tome providencias, e enquanto isso ninguem tem ordem de saír desta casa. Os naturalistas dizem que o rinoceronte é talvez a féra mais traiçoeira e perigosa da Africa. Se apanha um de nós, ai dele!...
87