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como o meu? Triste Leonor![1] mas eu sou innocente. Era eu por ventura criminoso por haver-se ateado a chamma de huma paixão no seu desgraçado peito quando eu não cogitava de outro objecto mais além de occupar-me de prazer que me causavão os encantos de sua irmã? Com tudo poderei julgar-me perfeitamente innocente? Deixei eu mesmo de nutrir os seus sentimentos? Não mostrei tantas vezes satisfação em escutar aquellas expressões que me dirigia marcadas com o cunho da natureza e da verdade, e que a ambos provocavão o rizo do prazer? Não tenho eu... O que he o homem? E como se atreve a lamentar-se? Hei de emendar-me, sim, meu amigo, eu te prometto que: hei de corrigir-me. Não quero por mais

  1. Suppõe-se que este primeiro objecto da affeição de Werther já não existe, e não tem relação alguma com a historia que se segue.