MENESES – Quem vê de longe este mundo não compreende o que se passa nele, e não sabe até onde chega a degeneração da raça humana. O oriente desses astros opacos é o luxo; e o ocaso é a miséria. Começam vendendo a virtude; vendem depois a sua beleza, a sua mocidade, a sua alma; quando o vício lhes traz a velhice prematura, não tendo já que vender, vendem o mesmo vício e fazem-se instrumentos de corrupção. Quantas não acabam vendendo suas filhas para se alimentarem na desgraça!

ARAÚJO – Tu exageras!... Ninguém se avilta a esse ponto.

MENESES – Não exagero, não. Muitas são boas e capazes de um sacrifício; tem coração. Mas de que lhes serve esse traste no mundo em que vivem!

ARAÚJO – Para amar o homem a quem devem tudo.

MENESES – Ele seria o primeiro a escarnecer dela!


CENA II

OS MESMOS, VIEIRINHA E HELENA.

VIEIRINHA (cantarolando.) – Je suis le sire de Framboisy. (Cumprimenta.) Meus senhores!... Não se incomodem; estejam a gosto.

MENESES – Adeus. Como vais?