CAROLINA – Deixamos o passado para tratar do futuro? Pois olhe se um pertence às mulheres velhas, o outro é o consolo das pobres meninas de dezoito anos, que vivem a sonhar.

PINHEIRO – Deste modo não me deixa dizer...

CAROLINA – Quem lhe impede?

PINHEIRO – Suas palavras de sarcasmo.

CAROLINA – Estou hoje contrariada.

PINHEIRO – Por que motivo?

CAROLINA – Não sei.

PINHEIRO – É a minha presença?

CAROLINA (cantarolando.) – Buena sera, mio Signor...

PINHEIRO – Tem razão; estou lhe roubando o seu tempo; outrora podia comprá-lo; hoje estou pobre; gastei toda a minha fortuna. Não me queixo, nem a acuso. Sofreria resignado essa perda se ela fosse apenas uma perda de dinheiro, e se não acarretasse a desgraça de outra pessoa.

CAROLINA – Que tenho eu com isto?

PINHEIRO – Deixe-me acabar. Vou confessar-lhe uma vergonha minha; mas é preciso; seja este o primeiro castigo.