de diferenciar entre competências e papéis, nem regula o modo de ser parte de uma organização, etc. Tampouco ela constitui um sistema, pois, mesmo que for possível delinear seus limites internos, exteriormente ela se caracteriza por meio de horizontes abertos, permeáveis e deslocáveis.

"Na esfera pública luta-se por influência, pois ela se forma nessa esfera. Nessa luta não se aplica somente influência política já adquirida (de funcionários comprovados, de partidos estabelecidos ou de grupos conhecidos, tais como o Greenpeace, a Anistia Internacional, etc.), mas também o prestígio de grupos de pessoas e de especialistas que conquistaram sua influência através de esferas públicas especiais (por exemplo, a autoridade de membros de igrejas, a notoriedade de literatos e artistas, a reputação de cientistas, o renome de astros do esporte, do showbusiness, etc). A partir do momento em que o espaço público se estende para além do contexto das interações simples, entra em cena uma diferenciação que distingue entre organizadores, oradores e ouvintes, entre palco e espaço reservado ao público espectador. (...) O público dos sujeitos privados tem que ser convencido através de contribuições compreensíveis e interessantes sobre temas que eles se sentem como relevantes. O público possui esta autoridade, uma vez que é constitutivo para a estrutura interna da esfera pública, na qual os atores podem aparecer." (HABERMAS, 2003, p.95-96)

A esfera pública assume formas especializadas, contudo, ainda acessíveis ao público não especialista. Por exemplo: esferas públicas literárias, eclesiásticas, artísticas, feministas, etc. Podem ser classificadas de acordo com a densidade e a complexidade da comunicação. A esfera pública episódica (bares, cafés, encontros na rua), da presença organizada (encontro de pais, público que freqüenta o teatro, concertos sinfônicos, festivais de música eletrônica, reuniões de partidos) e abstrata, produzida pela mídia (leitores, ouvintes, espectadores).

Ainda segundo Habermas, em sociedades complexas a esfera pública forma uma estrutura intermediária que faz a mediação entre o sistema político, de um lado, e os setores privados do mundo da vida e sistemas de ação especializados em termos de funções de outro lado.

Nesse contexto, para Bobbio (1987), qualquer sociedade organizada que possua uma esfera pública é caracterizada por relações de subordinação entre governantes e governados, entre quem detém o poder e quem obedece ao poder. É nesse ambiente que se dá o controle do poder político por parte do público.

Segundo o autor, o caráter público do poder sempre serviu para pôr em evidência a