a fome. Chegando pouco depois Carmindo, e lembrando-lhe o que ouvira a Túrnio, quis falar a Hemirena; e sabendo da cruel sentença, que ela tinha ouvido, originou tal desordem, que a todos fazia horror ouvir as palavras desconcertadas, e os desordenados gritos, que produziam a raiva, e ódio (disformes partos da inveja). Foi Hemirena tirada do cárcere privado, em que esteve três dias; e vendo a desunião, que ela sem culpa ocasionara, se lançou aos pés de Anquísia, a quem com muitas lágrimas disse: Castigai-me senhora conforme vos ditar a minha inutilidade. Eu vejo que não tenho sabido servir-vos, pelo que é bem justificado o vosso aborrecimento. Eu amo o vosso rigor, pois que o mereço, quanto me aflige que vosso irmão queira valer-me; e se tendes humanos sentimentos, por compaixão me tirai a vida, antes que os Deuses soberanos deixem de fortalecer-me. Ouvindo estas palavras Anquísia, gritou mais alto de confusa, dizendo: Vai-te da minha presença, pois que não sou insensível, como tu: e sabe que já nem quero dar-te a morte, por que nem assim descanses; e para que os teus olhos não dilatem o seu império em os corações, eu tos saberei tirar. E investindo furiosa como a tirar-lhos, Carmindo a deteve; e depois de um