as noites em mil sonhos, que com falsas alegrias me enganavam, crendo umas vezes que me via na suspirada pátria; e outras que encontrava a meus carinhosos pais, a quem dando logo os braços, dizia com incrível alvoroço: Chegou o enfim a ser ditosa a minha esperança, pois alcanço a felicidade de ver-vos. E como o coração, onde são domésticos os pesares, nem consente nas sombras de alegria, logo me advertiu o receio serem seus espíritos bem aventurados, que havendo compaixão a tantos infortúnios, talvez viessem a fortalecer-me dos campos ditosos, onde entre sólidos prazeres estão as almas gozando de suas virtudes: e com um mar de lágrimas se me fingia no desacordo voltar os olhos aos Céus, dizendo: Vós, que sabeis qual é a consolação, que recebo em vê-los, não consitais que eu deles me aparte. E inexplicável a alegria, que eu assim estava recebendo, a qual não era como as que dão os divertimentos, de que sempre ouvi dizer que se envenenavam as gentes, e se geravam os inquietos remordimentos; que como esta era a mais bem nascida filha da razão, tudo era aquela feliz tranqüilidade, que mais arrebata, quanto mais a ela nos entregamos. Nestas suaves considerações acordava, tornando novamente a chorar o terem sido mais ditosas aquelas que estas lágrimas: