e dócil sinceridade, aplicando-se esta em repreender os Poetas, desmentir as fábulas, e vencer a ignorância, e a maldade, que nos tem por inimigas do sossego público; e persuadamo-nos de que é só bela, e admirável, a que se adorna de prudente moderação em todas as suas ações, e palavras, e só malquistas entre a gente civil, as que com a ociosidade, e aspereza de gênios a todos fazem horror, sem que jamais lhes lembre que o viver é trabalhar; nem que houveram povos, que puseram fora dos seus muros aos mesmos Deuses, que não assistiam ao trabalho, nem que não deixam de padecer ultrajes as mulheres, que só exercitam o inútil.

Assim concluiu Delmetra com inexplicável aplauso; e coube a Aminta o continuar o divertimento, que o fez perguntando com graça: Quantas são as qualidades, com que os homens dizem mal de nós? Ignorância, maldade, e loucura (lhe respondeu Delmetra). A primeira se acha em uma certa casta de néscios, que para se difamarem por novo estilo, dão a entender que têm grande experiência, e já crescido enfado; e como as frases dos satíricos sempre são aplaudidas (porque é grande o número dos ignorantes mal morigerados) fazem a conversação alegre, talvez porque