Andão pela ribeira alua arenoſa,
Os belicoſos Mouros acenando,
Com a adarga, & co a aſtea perigoſa,
Os fortes Portugueſes incitando:
Nam ſoſfre muito a gente generoſa,
Andarlhe os cães os dentes amoſtrando.
Qualquer em terra ſalta, tam ligeiro,
Que nenhum dizer pode que he primeiro.

Qual no corro ſanguino, o ledo amante,
Vendo a fermoſa dama deſejada,
O Touro buſca, & pondo ſe diante,
Salta, corre, ſibila, acena, & brada:
Mas o animal atroçe neſſe instante,
Com a fronte cornigera inclinada,
Bramando duro corre, & os olhos cerra,
Derriba, fere, & mata & poem por terra.

Eis nos bateis o fogo ſe leuanta,
Na furioſa & dura artilheria,
A plumbea pela mata, o brado eſpanta:
Ferido o ar retumba, & aſſouia:
O coraçam dos Mouros ſe quebranta,
O temor grande o ſangue lhe resfria.
Ia foge o eſcondido de medroſo,
E morre o deſcuberto auenturoſo.