Vereis a terra que a agoa lhe tolhia,
Que inda ha de ſer hum porto muy decente,
Em que vão deſcanſar da longa via,
As naos que nauegarem do Occidente.
Toda eſta coſta em fim, que agora vrdia,
O mortifero engano, obediente,
Lhe pagarà tributos, conhecendo,
Não poder reſistir ao Luſo horrendo:

E vereis o Mar roxo tam famoſo,
Tornar ſelhe amarello de infiado:
Vereis de Ormuz o Reino poderoſo,
Duas vezes tomado, & ſojugado.
Ali vereis o Mouro furioſo,
De ſuas meſmas ſetas traſpaſſado.
Que quem vay contra os voſſos, claro veja,
Que ſe reſiſte, contra ſi peleja.

Vereis a inexpugnabil Dio fortes,
Que dous cercos terà, dos voſſos ſendo:
Ali ſe mostrarà ſeu preço, & ſorte,
Feitos de armas grandiſsimos fazendo.
Enuejoſo vereis o grão Mauorte,
Do peito Luſitano, fero & horrendo.
Do Mouro ali verão que a voz extrema,
Do falſo Mahamede ao Ceo blasfema.