E com grandes palauras lhe offereçe,
Tudo o que de ſeus Reinos lhe compriſſe,
E que ſe mantimento lhe falleçe,
Como ſe proprio foſſe lho pediſſe:
Diz lhe mais, que por fama bem conheçe
A gente Luſitana, ſem que a viſſe.
Que ja ouuio dizer, que noutra terra
Com gente de ſua ley tiueſſe guerra.

E como por toda Affrica ſe ſoa,
Lhe diz, os grandes feitos que fizerão,
Quando nella ganharão a coroa
Do Reino, onde as Hesperidas viuerão:
E com muitas palauras apregoa,
O menos que os de Luſo merecerão:
E o mais que pela fama o Rei ſabia:
Mas deſta ſorte o Gama reſpondia.

O tu que ſo tiueste piedade,
Rei benigno, da gente Luſitana,
Que com tanta miſeria, & aduerſidade,
Doe mares experimenta a furia inſana.
Aquella alta, & diuina eternidade,
Que o Ceo reuolue, & rege a gente humana:
Pois que de ti tais obras reçebemos,
Te pague o que nos outros não pedemos.