Em torno o cerca o Reino Neptunino,
Cos muros naturais, por outra parte,
Pela meyo o diuide o Apinino,
Que tam illuſtre fez o patrio Marte:
Mas deſpois que o porteiro tem diuino,
Perdendo o esforço veio, & bellica arte:
Pobre eſtà ja de antiga poteſtade,
Tanto Deos ſe contenta de humildade.

Galia ali ſe verà, que nomeada,
Cos Ceſareos Triumfos foy no mundo,
Que do Sequana, & Rôdano he regada,
E do Garuna frio, & Reno fundo:
Logo os montes da Nimpha ſepultada
Pyrene ſe aleuantão, que ſegundo
Antiguidades contão, quando arderão,
Rios de ouro, & de prata antão corrèrão.

Eis aqui ſe deſcobre a nobre Eſpanha,
Como cabeça ali de Europa toda,
Em cujo ſenhorio & gloria eſtranha,
Muitas voltas tem dado a fatal roda:
Mas nunca poderà, com força, ou manha,
A fortuna inquieta porlhe noda:
Que lha não tire o esforço & ouſadia,
Dos belicoſos peitos, que em ſi cria.