Qual o membrudo & barbaro Gigante,
Do Rei Saul, com cauſa tam temido,
Vendo o Paſtor inorme eſtar diante,
So de pedras & esforço apercebido,
Com palauras ſoberbas o arrogante,
Despreza o fraco moço mal veſtido:
Que rodeando a funda o deſengana,
Quanto mais pode a Fê que a força humana.

Desta arte o Mouro perfido deſpreza,
O poder dos Christãos, & não entende,
Que eſtà ajudado da alta fortaleza,
A quem o Inferno horrifico ſe rende.
Co ella o Castelhano, & com deſtreza,
De Marrocos o Rei comete & offende.
O Portugues que tudo eſtima em nada,
Se faz temer ao Reino de Granada.

Eis as lanças & eſpadas retenião,
Por cima dos arneſes, brauo eſtrago,
Chamão (ſegundo as leis que ali ſeguião,)
Hũs Mafamede, & os outros Sanctiago,
Os feridos com grita o Ceo ferião,
Fazendo de ſeu ſangue bruto lago,
Onde outros meios mortos ſe afogauão,
Quando do ferro as vidas eſcapauão.