Poem me onde ſe vſe toda a feridade,
Entre Liões, & Tigres, & verey
Se nelles achar poſſo a piedade
Que entre peitos humanos não achey:
Ali co amor intrinſeco & vontade,
Naquelle por quem mouro, criarey
Eſtas reliquias ſuas que aqui viſte,
Que refrigerio ſejão da mãy triste.

Queria perdoarlhe o Rei benigno,
Mouido das palauras que o magoão:
Mas o pertinaz pouo, & ſeu deſtino
(Que deſta ſorte o quis) lhe não perdoão,
Arrancão das eſpadas de aço fino,
Os que por bom tal feito ali apregoão,
Contra hũa dama, ô peitos carniceiros
Feros vos amoſtrais, & caualleiros?

Qual contra a linda moça Policena,
Conſolação extrema da mãy velha,
Porque a ſombra de Achiles a condena,
Co ferro o duro Pirro ſe aparelha:
Mas ella os olhos com que o ar ſerena,
(Bem como paciente, & manſa ouelha)
Na miſera mãy postos, que endoudeçe
Ao duro ſacrificio ſe offereçe.