Nos outros ſem a vista aleuantarmos
Nem a Mãy, nem a Eſpoſa, neſte eſtado,
Por nos não magoarmos, ou mudarmos
Do prepoſito firme começado:
Determiney de aſsi nos embarcarmos
Sem o deſpedimento custumado,
Que poſto que he de amor vſança boa
Aquem ſe aparta, on fica, mais magoa.

Mas hum velho daſpeito venerando,
Que ficaua nas prayas, entre a gente,
Poſtos em nos os olhos, meneando
Tres vezes a cabeça, deſcontente,
A voz peſada hum pouco aleuantando,
Que nos no mar ouuimos claramente,
Cum ſaber ſo dexperiencias feyto
Tais palauras tirou do experto peito.

O gloria de mandar, o vaã cubiça
Deſta vaidade, a quem chamamos Fama,
O fraudolento goſto, que ſe atiça
Cũa aura popular, que honra ſe chama:
Que caſtigo tamanho & que juſtiça
fazes no peito vão que muito te ama,
Que mortes, que perigos, que tormentas
Que crueldades nelles eſprimentas.