Nunca tam viuos rayos fabricou
Contra a fera ſoberba dos Gigantes,
O gram ferreiro ſordido, que obrou
Do enteado as armas radiantes:
Nem tanto o gram Tonante arremeſſou
Relampados ao mundo fulminantes,
No gram diluuio, donde ſos viuerão
Os dous que em gente as pedras conuerterão.

Quantos montes então, que derribarão
As ondas que batião denodadas,
Quantas aruores velhas arrancarão
Do vento brauo as furias indinadas:
As forçoſas raizes não cuidarão
Que nunca pera o ceo foſſem viradas,
Nem as fundas arêas que podeſſem
Tanto os mares que encima as reuolueſſem.

Vendo Vaſco da Gama que tam perto
Do fim de ſeu deſejo ſe perdia,
Vendo ora o mar ate o inferno aberto,
Ora com noua furia ao ceo ſubia,
Confuſo de temor, da vida incerto,
Onde nenhum remedio lhe valia,
Chama aquelle remedio ſancto & forte
Que o impoſsibil pode, desta ſorte.