Não cos manjares nouos & exquiſitos,
Não cos paſſeos molles & oucioſos,
Não cos varios deleites & infinitos
Que afeminão os peitos generoſos:
Não cos nunca vencidos apetitos
Que a Fortuna tem ſempre tão mimoſos,
Que não ſoffre a nenhum que o paſſo mude
Pera algũa obra heroica de virtude.
Mas com buſcar co ſeu forçoſo braço
As honras, que elle chame proprias ſuas,
Vigiando, & veſtindo o forjado aço
Soffrendo tempeſtades & ondas cruas:
Vencendo os torpes frios no regaço
Do Sul, & regioẽs de abrigo nuas,
Engulindo o corrupto mantimento
Temperado com hum arduo ſofrimento.
E com forçar o rosto que ſe enfia,
A parecer ſeguro, ledo, inteiro,
Pera o pilouro ardente, que aſſouia
E leua a perna, ou braço ao companheiro:
Destarte o peito hum calo honroſo cria
Deſprezador das honras, & dinheiro,
Das honras, & dinheiro, que a venntura
Forjou, & não vertude juſta, & dura.