A vos, ô geraçam de Luſo digo,
Que tam pequena parte ſois no mundo:
Não digo inda no mundo, mas no amigo
Curral de quem gouerna o çeo rotundo:
Vos, a quem não ſomente algum perigo
Eſtorua conquiſtar o pouo inmundo:
Mas nem cobiça, ou pouca obediencia
Da Madre, que nos çeos eſtâ em eſſencia.

Vos Portugueſes poucos, quanto fortes,
Que o fraco poder voſſo não peſais,
Vos que aa cuſta de voſſas varias mortes
A lei da vida eterna dilatais:
Aſsi do çeo deitadas ſam as ſortes,
Que vos por muito poucos que ſejais,
Muito façais na ſancta Chriſtandade:
Que tanto, ô Chriſto exaltas a humildade.

Vedelos Alemães, ſoberbo gado,
Que por tam largos campos ſe apacenta,
Do ſucceſſor de Pedro rebelado,
Nouo paſtor, & noua ceita inuenta:
Vedelo em feas guerras occupado,
Que inda co cego error ſe nam contenta,
Não contra o ſuperbiſsimo Otomano:
Mas por ſair do jugo ſoberano.