Mas porque nenhumb grande bem ſe alcança
Sem grandes opreſsões, & em todo o feyto
Segue o temor os paſſos da eſperança,
Que em ſuor viue ſempre de ſeu peyto,
Me moſtras tu tão pouca confiança
Deſta minha verdade: ſem reſpeyto
Das razões em contrario que acharias
Senão creſſes a quem não crer deuias.

Porque ſe eu de rapinas ſo viueſſe
Vndiuago, ou da patria desterrado,
Como cres que tão longe me vieſſe,
Buſcar aſſento incognito & apartado?
Porque eſperanças, ou porque intereſſe,
Viria eſprimentando o mar yrado,
Os Antarticos frios, & os ardores
Que ſofrem do Carneyro os moradores?

Se com grandes preſentes dalta eſtima
O credito me pedes do que digo,
Eu não vim mais q̃ a achar o estranho Clima
Onde a natura pos teu Reyno antigo:
Mas ſe a Fortuna tanto me ſublima,
Que eu torne à minha patria, & Reino amigo
Então verâs o dom ſoberbo & rico
Com que minha tornada certifico.