Que nenhum torne aa patria ſo pretende
O conſelho infernal dos Maumetanos,
Porque nam ſaiba nunca onde ſe eſtende
Aterra Eoa o Rei dos Luſitanos:
Não parte o Gama em fim, que lho defende
O Regedor dos barbaros profanos,
Nem ſem licença ſua yrſe podia,
Que as almâdias todas lhe tolhia.

Aos brados & razões do Capitão,
Responde o Idolatra, que mandaſſe
Chegar aa terra as naos, que longe eſtão,
Porque milhor dali foſſe, & tornaſſe:
Sinal he de inimigo, & de ladrão,
Que la tam longe a frota ſe alargaſſe,
Lhe diz, porque do certo & fido amigo
He nam temer do ſeu nenhum perigo.

Nestas palauras o diſcreto Gama
Enxerga bem, que as naos deſeja perto
O Catual, porque com ferro, & flama
Lhas aſſalte, por odio deſcuberto:
Em varios penſamentos ſe derrama:
Fantaſiando eſtâ remedio certo,
Que deſſe a quanto mal ſe lhe ordenaua
Tudo temia, tudo em fim cuidaua.