E vos ô poderoſo por paſtoras
Muytas vezes ferido o peyto vedes,
E por bayxos, & rudos vos ſenhoras
Tambem vos tomão nas Vulcanias redes,
Hũs eſperando andais nocturnas horas,
Outros ſubis telhados & paredes,
Mas eu creyo que deſte amor indino,
He mais culpa a da mãy, que a da minino.

Mas ja no verde prado o carro leue,
Punhão os brancos Ciſnes manſamente,
E Dione, que as roſas entre a neue
No rosto traz, decia diligente:
O frecheiro, que contra o çeo ſe atreue,
A recebella vem, ledo, & contente,
Vem todos os cupidos ſeruidores,
Beijar a mão aa Deoſa dos amores.

Ella porque não gaſte o tempo em vão,
Nos braços tendo o filho, confiada
Lhe diz, amado filho, em cuja mão
Toda minha potencia eſtà fundada:
Filho em quem minhas forças ſempre eſtão,
Tu que as armas Tifeas tẽs em nada,
A ſocorrer me a tua poteſtade,
Me traz eſpecial neceſsidade.