IV


UM VERSO DE CAMÕES


Não desço agora á fria sepultura,
Não roubo á morte os pavidos segredos,
Não quero desfolhar com estes dedos
4Do gelo a flôr de extranha formosura.

Não vou cingir na tua fronte pura,
Cheio de horror,—o labio e os olhos quedos,—
Por entre a noite e os tristes arvoredos,
8D'uma fatal grinalda a eterna alvura.

Deixa que viva assim em treva absorto,
Cadaver, caminhando, tristemente,
11Em demanda do meu perdido horto.

Já que ventura amor me não consente,
Que não recorde mais meu peito morto
14Erros meus; má fortuna, amor ardente.